Como e quando incluir referências no currículo

O currículo deve conter referências? Se você não sabe ao certo como proceder quanto à inclusão de referências no currículo, a regra geral hoje é: não inclua! As referências podem até ser úteis na hora de procurar emprego, mas a menos que você tenha entrado numa máquina do tempo e voltado para 1970, seu currículo quase nunca deverá incluí-las.
Karl Kahler
Redator e Editor de Conteúdo
Atualizado em 30 maio 2024

Antigamente, na época em que seu pai achava o auge da moda usar terno colorido de poliéster com gravatona larga, considerava-se essencial incluir referências no currículo. Mas os tempos mudam e, hoje, um currículo que inclua referências é considerado antiquado e indesejável em quase todas as circunstâncias, com limitadas exceções. 

O que aconteceu? Será que, de repente, tornou-se irrelevante o candidato ter ex-empregadores que possam atestar seus incríveis talentos? Será que os novos empregadores não se interessam mais em ouvir dos professores universitários que tal recém-formado foi o aluno mais promissor que já tiveram?

Veremos os motivos daqui a pouco. Mas, primeiro, só para você saber que não somos malucos, listamos abaixo citações dos primeiros cinco resultados que obtivemos ao pesquisar no Google “Devo incluir referências no currículo?”.

  • “Nunca se deve incluir referências de emprego no currículo.”
  • “É uma prática recomendada deixar as referências fora do seu currículo.”
  • “A menos que especificamente solicitado, referências não devem fazer parte do currículo. Quase nunca é uma boa ideia incluí-las…”
  • “Como regra geral, você não precisa incluir referências no currículo.”
  • “Não coloque ‘Referência disponível mediante solicitação’ nem os nomes e contatos das próprias referências.” 

E essas foram apenas as cinco primeiras ocorrências! 

Se você gosta mais de receber aconselhamento profissional em vídeo, confira “Should You Include References on Your Resume?”, do canal Career Coaching (em inglês). Talvez discordemos desse coach de carreira quanto ao resumo incluir duas páginas em vez de uma, mas, no restante, o conselho dele se alinha 100% com o nosso.

Este artigo vai explorar porque a lista de referências foi banida dos currículos modernos e as pouquíssimas exceções onde elas podem ser incluídas. Apertem os cintos, fãs de referências, porque a jornada será turbulenta! 

Por que não se usam mais referências nos currículos?

Assim como o vídeo meio que matou o protagonismo do rádio, podemos agradecer à internet por matar a ideia de ter referências no currículo. A resposta curta é: as referências no currículo geralmente são informações sensíveis e não devem ser amplamente distribuídas por questões de privacidade. Há também a ideia de etiqueta digital, que dita que você não deve mencionar as pessoas à toa, abrindo-as para chamadas e mensagens inesperadas. 

Antes da década de 1990, quando não dava para enviar cartas sem usar selos, os currículos eram documentos relativamente privados, impressos em papel, que eram colocados em um envelope e jogados na caixa de correio. Obviamente, o currículo podia passar de mão em mão no escritório, mas isso não fazia com que os nomes, endereços ou números de telefone das referências ficassem acessíveis a milhões.

Com a revolução eletrônica, isso tudo mudou: ela transformou currículos em documentos digitais que efetivamente podem ficar acessíveis a milhões. Hoje você pode (e provavelmente deve) publicar seu currículo no LinkedIn ou em qualquer outro site público de busca de empregos. Você realmente acha que seu antigo chefe ficaria feliz em saber que você colocou o nome, o cargo, o empregador, o número de telefone e o endereço de e-mail dele na frente de bilhões de pessoas em potencial? Provavelmente, não.

Roubo de identidade, falsificação e hacking são perigos concretos que todos enfrentamos hoje. “Privacidade” tornou-se uma das palavras de ordem da era da informação, uma mercadoria cada vez mais escassa a ser zelosamente resguardada. Mesmo para vender seu carro no Facebook ou na Craiglist, o ideal não é publicar seu telefone ou endereço de e-mail para todo mundo ver, e sim ser abordado por meio de um canal privado.

Temos, então, a principal razão de as referências terem saído de moda nos currículos: evitar a divulgação das informações de contato privadas das pessoas. Mas existem inúmeros outros motivos. Se os gerentes de contratação quiserem referências, não precisam pedir às secretárias que datilografem uma carta e a enviem ao seu último empregador perguntando se você é um bom profissional. 

Hoje em dia, há muito mais facilidade de encontrar as pessoas e falar com elas — não precisa de carta por Sedex. E, se os empregadores QUISEREM referências, você poderá enviá-las em um e-mail pessoal, o que, ao contrário de um currículo, implica certa expectativa de privacidade.

Quando é permitido incluir referências no currículo?

Se o empregador pedir explicitamente para você incluir referências no currículo, esqueça tudo o que dissemos e inclua! Porém, raramente vão lhe pedir isso, de modo que essa situação não ocorrerá com muita frequência.

Se o empregador quiser referências, apure se ele as quer apresentadas diretamente no currículo. Uma abordagem melhor seria incluí-las em um anexo separado. 

Todo currículo precisa ter cinco componentes: 

  1. Cabeçalho: sua informações de contato
  2. Resumo/perfil: seu “discurso de vendas”
  3. Experiência profissional: seu histórico profissional
  4. Formação: quais escolas frequentou?
  5. Competências: no que você é realmente bom?

São muitas informações para incluir num documento de uma página, e a maioria dos especialistas concorda que um currículo deve ter apenas uma. Duas páginas às vezes são aceitáveis, especialmente se você for surpreendente a ponto de ter trilhado carreiras tanto de astronauta quanto de cirurgião cerebral. No entanto, para os simples mortais, nenhum gerente de contratação jamais reclamou que um currículo de uma página é muito curto.

Assim, as referências quase sempre apresentam dois problemas: 1) Ninguém as pediu, e 2) Elas geralmente fazem seu currículo transbordar para uma segunda página.

Pior ainda, essa segunda página com as referências pode acabar ficando totalmente em branco na parte inferior, contendo apenas referências solitárias nas primeiras linhas do topo. Esse tipo de transbordamento nunca pega bem e indica que você precisa cortar o texto para condensar o currículo em uma página.

Currículo sem referências

Este currículo tem tudo que é necessário e se encaixa perfeitamente em uma única página.

Exemplo de currículo sem referências.

Exemplo de currículo sem referências.

Currículo com referências

Incluir referências geralmente adiciona uma segunda página desnecessária.

Currículo com referências
Currículo com referências

 

Currículo com referências

Devo incluir uma página de referências separada?

Será que você deveria incluir uma página de referências avulsa, que não faça parte do currículo? Essa é uma solução muito melhor se o empregador tiver solicitado explicitamente as referências. Criar um documento separado apenas para referências resolve o problema de colocar as informações de contato privadas das pessoas no seu currículo público.

Na América do Norte, a regra de ouro é usar currículo de uma página. No Reino Unido e em alguns outros países, no entanto, currículos de duas páginas são mais comuns. Porém, se você decidir fazer um currículo de duas páginas, não significa que deve incluir referências apenas porque tem mais espaço.

Forneça o que é pedido e o que é esperado. As páginas de referência geralmente não são necessárias, então é melhor usar a segunda página do currículo como espaço adicional para seu histórico de emprego, conquistas acadêmicas, qualificações profissionais e certificações.

Como lidar com referências profissionais

Dito tudo isso, ter ótimas referências profissionais pode ser o diferencial que faltava para conseguir a vaga. Se você foi redator de discursos do Presidente do país, espera-se que essa informação apareça no seu histórico profissional e, eventualmente, no resumo. Mas caso seu amigo Presidente tenha se oferecido para falar bem de você a futuros empregadores, pense duas vezes antes de incluir o e-mail privado e o celular particular dele no seu currículo público.

Você pode incluir essas informações em um anexo separado ou, até mesmo, na sua carta de apresentação. Mas será que elas são cabíveis no seu currículo público? A maioria dos especialistas diria que não, e o Presidente provavelmente concordaria.

Posso incluir referências sem permissão das pessoas?

De jeito nenhum! Você estará comprando uma passagem só de ida para o inferno dos desempregos se indicar seus ex-empregadores como referência no currículo sem confirmar com eles primeiro.

Procurar emprego é um processo, e não dá para ir pulando etapas. Se você costumava trabalhar como babá para os donos do Itaú, não pode simplesmente colocar as informações de contato particulares deles no currículo sem obter a permissão deles primeiro. 

Caso precise de referências pessoais no currículo, recorra a seus contatos mais promissores. Como pedir a alguém para ser sua referência? Explique o que você está fazendo, que tipo de trabalho está procurando e por que precisa de uma referência. Se você trabalhou para o Roberto Justus, é provável que ele esteja ocupado ganhando outros milhões no momento, mas talvez tenha cinco minutos para escrever uma nota dizendo que você foi um ótimo contador.

Falando nisso, em vez de pedir permissão para publicar informações de contato deles, por que não pedir aos ex-empregadores um pequeno depoimento sobre o quão incrível você foi como funcionário? É provável que uma carta de referência profissional lhe seja muito mais útil do que dar um número de telefone que Eduardo Saverin nunca vai atender.

Quantas referências devo incluir no currículo?

Se lhe pedirem para fornecer referências, três é o ideal, dois é muito pouco e quatro podem ser demais. Se estiver realmente decidido a listar referências, colocar três é uma boa regra geral. Mas sempre pergunte a si mesmo se as referências são de fato necessárias e, em caso afirmativo, se elas podem ser apresentadas em um documento separado.

Devo incluir referências se meu currículo for muito curto?

Não. Não inclua referências apenas para estufar um currículo curto. Se você está começando a vida, por exemplo, ainda cursa o ensino médio ou está na faculdade mas não se formou, turbine seu currículo com elementos como realizações acadêmicas, resumo, estágios, trabalho voluntário e/ou competências relativas ao emprego. Conte sua própria história em vez de esperar que outra pessoa a conte por você.

Devo colocar “referências disponíveis mediante solicitação”?

A frase “referências disponíveis mediante solicitação” costumava ser muito comum, mas hoje é amplamente desaprovada. Os empregadores partirão do pressuposto de que as referências lhe serão fornecidas caso peçam, portanto, não há necessidade de mencionar isso. 

Exemplo de referências no currículo

Se você deseja incluir referências profissionais, eis alguns exemplos de como usá-las no currículo:

Exemplos de referências no currículo

Geralmente, as referências profissionais serão de empresas já citadas no histórico de emprego ou de professores das faculdades mencionadas na sua formação. Assim, haverá pouca necessidade de explicar quem são essas pessoas. No entanto, em alguns casos, você também pode incluir uma linha com mais informações sobre quem são esses indivíduos.

Principais conclusões

  • Não inclua referências no currículo, a menos que o empregador as solicite.
  • Recorra a métodos alternativos, como uma carta de recomendação, para destacar o endosso de um ex-empregador.
  • Nunca inclua referências profissionais sem antes consultar as pessoas a serem listadas.
  • Se decidir incluir referências, coloque três.

Boa sorte na sua busca de emprego! E se algum empregador indagar por que você não incluiu referências no currículo, fique à vontade para citar o Resume.io como referência!

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